quarta-feira, 18 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
domingo, 15 de maio de 2011
A Oração da Ave-Maria em vários Idiomas
Ave Maria em 13 Línguas
LATIM --> Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum:benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tui Iesu.Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobispeccatoribus, nunc et in hora mortis nostrae. Amen
Em Francês --> Je vous salue, Marie pleine de grâce, le Seigneur est avec toi.Tu es bénie entre toutes les femmes et Jésus,le fruit de tes entrailles, est béni.Sainte Marie, Mère de Dieu, prie pour nous, pauvres pécheurs,maintenant et à l'heure de notre mort. Amen.
Em Italiano --> Ave Maria piena di grazia, il Signore è con te.Tu sei benedetta tra le donne e benedetto è il frutto del tuo seno Gesù.Santa Maria, Madre di Dio, prega per noipeccatori, adesso e nell'ora della nostra morte. Amen.
Em Inglês --> Hail Mary, full of grace, The Lord is with thee;Blessed art thou among women and blessed is the fruit of thy womb, Jesus.Holy Mary, Mother of God, pray for us sinners nowand at the hour of our death. Amen.
Em Espanhol --> Dios te salve María llena eres de Gracia, el Señor es contigo.Bendita eres entre todas las mujeres y bendito es el fruto de tu vientre Jesús.Santa María, Madre de Dios, ruega por nosotros los pecadores ahoray en la hora de nuestra muerte. Amén.
Em Alemão --> Gegrüßet seist du, Maria, voll der Gnade, der Herr ist mit dir.Du bist gebenedeit unter den Frauen, und gebenedeit ist die Frucht deines Leibes, Jesus.Heilige Maria, Mutter Gottes, bitte für uns Sünder jetztund in der Stunde unseres Todes. Amen.
Em Filipino (Tagalog) --> Aba Ginoong Maria, napupuno ka ng grasiya,Ang Panginoong Diyos ay sumasaiyo.Bukod kang pinagpala sa babaeng lahatAt pinagpala rin naman ang anak mong si Hesus.Santa Maria, Ina ng DiyosIpanalangin mo kaming makasalananNgayon at kung kami'y mamamatay. Amen
Em Indonésio --> Salam Maria penuh rahmat Tuhan besertamu,Terpujilah engkau diantara wanita,dan terpujilah buah tubuhmu Yesus,Santa Maria Bunda Allah,Doakanlah kami yang berdosa ini,sekarang dan selama-lamanya. Amin
Em Holandês (Dutch) --> Wees gegroet, Maria, vol van genade.de Heer is met u.Gij zijt de gezegende onder de vrouwen,en gezegend is Jezus, de vrucht van uw schoot.Heilige Maria, Moeder van God.Bid voor ons zondaars,nu en in het uur van onze dood. Amen
Em Finlandês --> Terve, Maria, armoitettu,Herra sinun kanssasi;Siunattu sinä naisten joukossa jasiunattu kohtusi hedelmä Jeesus.Pyhä Maria, Jumalan äiti,rukoille meidän synisten puolestanyt ja kuolemamme hetkellä. Aamen
Em Concani (Goa) --> Normam Mariê, kurpên bhorlelê, sorvespôr tujê thaim asa, ostoream modhem tum sodôiv ani sodôiv tuzo Put Jezu. Bhegevonti Mariê, Devache Maiê, amam papiam khatir vinonti kôr atam ani amchea momachea vellar. Amen
Em Hebraico --> Shalom Alaik Miriam Meleati Chen Adonai Imek Brukhah At Ba-Nashiym Ubaruk Priy-Bitnek Ieshua Miriam Ha-Qadohah Em Ha-Elohim Ha-Atiyriy Baaedeinu Ha-Chataiym Atah Ubeet Moteinu Amem
Em Grego --> Ráire Maria, kerraritooménee, ró Kúrios metá sú, Sý êisai eulogneeménee anámeson êis tás guináikas kái eulogueeménos ró karpós tées koilías sú ró Ieesús. Raguía María, méeter tu Theú, parakálei di' remás ramartoolús, tóora kái êis téen róram tú thanatú mas. Amén.
Pax et Bonum!
Orar em Línguas, o que é isso?
"Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob a ação do Espírito."
I Cor 14,2
Muitas pessoas, ao participar pela primeira vez de um grupo de oração, e até mesmo pessoas com algum tempo de caminhada na Igreja, se perguntam sobre a necessidade da oração e do louvor em línguas.
De fato, com a Renovação Carismática se expandindo, a oração em línguas se tornou mais conhecida entre os fiéis da Igreja. Mas, o que é realmente a oração em línguas?
Ao lermos At 2,3-13 (a vinda do Espírito Santo), percebemos como o Espírito Santo se fez presente em Pentecostes, e como houve a primeira grande manifestação da oração em línguas. Guiados pelo Espírito Santo, os apóstolos que estavam reunidos no Cenáculo com Maria, começaram a falar em outras línguas, conforme Espírito Santo lhes concedia que falassem.
Nessa leitura dos Atos dos Apóstolos percebemos o primeiro entendimento a respeito da oração em línguas: oração em uma língua diferente não estudada por aquele que pronuncia, porém entendida.
Mas, a oração em línguas como conhecemos é mais que isso, é a forma de chegarmos a Deus por meio das nossas palavras. Quanto nos faltam palavras em nossa língua para nos comunicarmos com Deus, o Espírito Santo nos inspira palavras novas, uma nova língua, com a qual podemos louvar e bendizer a Deus.
Em Coríntios 12,10, encontramos o segundo entendimento a respeito da oração em línguas, diferente daquele encontrado nos atos dos apóstolos: Não se trata de falar com os homens, mas de falar com Deus. É um modo de oração, na qual aquele que reza em línguas "edifica a si mesmo"(cf. I Cor 14, 4).
Na Igreja de Corinto, esse dom era comum. Todos estavam familiarizados com ele. Por isso, Paulo não se detém na sua descrição ou explicação como se tratasse de algo novo ou desconhecido para seus leitores. Paulo limita-se a disciplinar o uso desse dom na assembléia corintiana. Daí a dificuldade que temos hoje para entendê-lo.
"O Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis" (Rm 8,26).
O dom das línguas não consiste na emissão de simples gemidos ou suspiros inarticulados. É um discurso humano que tem a aparência de uma língua incompreensível tanto para o que fala como para os que o escutam.
É uma forma de oração particular. Não se destina ao culto público, mas à devoção privada. Não consiste em falar verdadeiras línguas estrangeiras. Não se produz em êxtase, no qual se perde o controle racional dos atos.
"Aquele que fala em línguas não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o compreende: movido pela inspiração enuncia coisas misteriosas" (1 Cor 14,2).
Podemos perceber que o dom de línguas é plenamente uma inspiração dada pelo Espírito Santo. É uma forma de chegarmos a Deus, pois para orarmos e louvarmos em línguas é preciso que estejamos abertos a ação do Espírito Santo.
Enfim, a oração em línguas é o cumprimento da palavra: "falarão novas línguas" (Mc 16,17b), que o próprio Senhor Jesus proferiu aos onze discípulos após ressuscitar.
Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo!
Repouso nos braços do Senhor
O Dom do Repouso no Espírito é o carisma pelo qual Deus cede que nosso espírito repouse no Espírito Santo.
Como vimos, o homem é constituído de corpo, alma e espírito.
Nosso corpo repousa quando nos sentamos, quando nos deitamos, quando dormimos, etc.
Diz o salmista: "Apenas me deito logo adormeço em paz, porque a segurança do meu repouso vem de vós, Senhor" (SI 4,9).
O salmista está se referindo ao nosso repouso físico.
O apóstolo João apoiou-se no peito de Jesus.
"Um dos discípulos, a quem Jesus amava, estava à mesa reclinado ao peito de Jesus" (Jo 13,23).
Verificamos que o corpo de João descansou sobre o corpo de Jesus.
Nossa alma também repousa, nos momentos de silêncio interior.
Jesus nos diz: "Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração, e achareis repouso para vossas almas" (Mt 11,29).
Jesus nos dá repouso para nossa almas.
No livro do Gênises lemos que após a criação, no sétimo dia, Deus repousou.
"Assim foram terminados o céu e a terra com todo o seu exército.
No sétimo dia terminou Deus toda a obra que fizera e descansou" (Gn 2,1-2a).
Ora, Deus é Espírito.
Se Deus, que é Espírito, descansou, é porque o espírito pode repousar.
Nosso espírito pode pois repousar.
E assim como João repousou no peito de Jesus, todo nosso ser pode repousar no Espírito Santo.
Lemos nos Salmos: "O Senhor é meu pastor; não me falta coisa alguma! Em campinas verdejantes me coloca a repousar " ( SI 22,1-2)..
Não sou eu que, por minha vontade, repouso no Espírito; é o Senhor que me faz n'Ele repousar.
Sobre o repouso no Espírito São João da cruz escreveu: "A alma dorme no peito do Amado, possui e goza todo o sossego, descanso e quietude de uma noite tranqüila.
Recebe, ao mesmo tempo em Deus, uma abissal e obscura compreensão divina.
Por isso diz que seu Amado é, para ele, a noite sossegada" (Cântico Espiritual).
Diz-nos o salmista: "No dia de angústia procuro o Senhor, de noite minhas mãos se levantam para Ele sem descanso; e, contudo, minha alma recusa toda consolação.
Faz-me gemer a lembrança de Deus, na minha meditação sinto o espírito desfalecer.
Vós me conservais os olhos abertos, estou pertubado, falta-me a palavra" (SI 76,3-5).
O repouso no Espírito espontâneo acontece na vida das pessoas de profunda vida de oração, como Santa Teresa D'Ávila, Santa Gema Galgani, irmã Faustina e outras.
Deus age diretamente sobre essas pessoas para que o seu espírito repouse no Espírito.
Nosso espírito pode repousar no Espírito como resposta de Deus a oração de um irmão.
Lemos na segunda carta aos Coríntios" "Ele (Jesus) é quem nos tomou capazes de sermos ministros de uma nova aliança, não a da letra, mas a do Espírito" (2 Cor 3,6a).
Jesus pois, nos constituiu para sermos ministros do Espírito.
O ministro tem poder sobre os que estão às suas ordens.
Se ele diz a outrem: "Trabalhe", este deve trabalhar.
Se diz: "Repouse no Espírito", este irá repousar n'Ele.
O repouso no Espírito não pode ser confundido com sugestão, hipnose, transe, etc.
Sugestão e hipnose são influências de uma mente humana sobre outra.
Quando efetuada por médico bem orientados, podem ter boas conseqüências, mas são ações humanas.
O transe ocorre por influência do maligno.
Seus resultados são sempre danosos.
É preciso usar-se o dom do discernimento dos espíritos, como vimos, para distinguir o que vem de Deus, o que vem de nós mesmos e o que vem do maligno.
O repouso no Espírito pode durar apenas alguns minutos ou estender-se durante horas.
É preciso uma entrega que permita ao Espírito continuar agindo em nós.
Se o desejamos, podemos interromper o repouso quando quisermos.
Durante o repouso permanecemos conscientes, percebendo e sentindo tudo o que ocorre ao nosso redor.
Durante o tempo do repouso as faculdades mentais ficam desativadas e levam um certo tempo para retornar a si, mas elevada acima de si mesma, acima de todo o criado e até da parte superior de seu espírito, como que sobre o teto ou telhado de seu ser".
Às vezes correm lágrimas de felicidade, significando libertação.
Deus diz a Santa Catarina de Sena: "Ao experimentar minha divindade, os olhos derramam lágrimas de suavidade.
Como é feliz, filha querida, o homem que ultrapassou o mar proceloso do pecado e chegou ao oceano da paz, o homem que encheu seu coração com a minha divindade.
Qual aqueduto, os olhos satisfarão o coração derramando lágrimas.
Este é o último estado no qual o homem é ao mesmo tempo feliz e sofredor.
Feliz por achar-se unido a mim, gozando do amor divino; sofredor ao ver que me ofende".
No repouso sente-se a necessidade de louvar a Deus.
Diz Santa Teresa: "Quem receber do Senhor esta graça não se desconsole quando vir o corpo atado por muitas horas e, `as vezes, o intelecto e a memória distraídos.
Verdade é que o comum é estarem inebriados em louvores a Deus, ou procurando perceber e entender o que se passa". Diz ainda: "A alma percebe com clareza o grande proveito que traz cada um desses arrebatamentos".
Após o repouso sente-se a necessidade de ficar mais recolhido, devido ao toque divino. Esse "torpor" pode durar minutos, horas, dias, dependendo do estado de profunda oração que se experimentou.
"...assemelham-se a alguém que dormiu muito, sonhou e ainda não despertou inteiramente" (Santa Teresa).
Escreve-nos Santa Gema Galgani no seu livro A flor da paixão: "Fiquei refletindo sobre o que isso poderia significar; sinto e percebo que deve ser alguma graça excepcional.
Quando reflito sobre ela, desfaleço por Deus, mas nesse desfalecimento a mente está clara e repassada de luz.
Quando estou unida a Ele, desfaleço de excesso de felicidade, mas a minha mente permanece clara e pura, sem nada que a pertube.
Rebaixada a Vossa Majestade para conviver com uma pobre criatura.
Agradeço-vos, Senhor, por essa grande graça, que me torna capaz de conviver convosco.
Jesus, vosso Nome é minha delícia, sinto de longe o meu amado, e a minha alma saudosa descansa no seu amplexo".
Escreve ainda: "Muitas vezes, nos meus transportes de amor, faltam-me as forças e exclama: Ah, não posso resistir mais ao lembrar-me que Jesus se faz assim sentir a última de suas criaturas e lhe manifesta, em prodigiosa expansão de amor paternal, todos os esplendores do seu amabilíssimo coração".
E, dizendo isso, caia desfalecida nos braços de sua companheira que, prevendo estes casos, sabia dispor as coisas de tal modo que ninguém na Igreja notava nada.
Irmã Faustina, cujo processo de beatificação se encontra em andamento, escreveu no seu diário: "Fiquei numa cela em longa ação de graças, deitada de bruços e derramando lágrimas de gratidão.
Não podia levantar-me do chão, poque a cada vez que queria levantar-me, a luz divina dava-me um novo conhecimento de graça divina; somente na terceira vez pude levantar-me do chão.
Ele mesmo me levantou até o seu coração".
Como devemos abrir-nos ao dom do repouso no Espírito: Pedir ao Senhor que nos faça repousar no seu Espírito.
Ter vontade e disposição para receber o dom.
Estar relaxado.
Ser ministrado por pessoas que possuam o dom.
Ter quem o ampare na "queda".
São Paulo diz: "De fato, se ficamos arrebatados fora dos sentidos é por Deus" ( 2 cor 5a).
Não pôr obstáculos `a graça de Deus como incredulidade, intelectualismo, reservas, conservadorismo.
Benefícios causados durante o repouso no Espírito ocorrem curas físicas, curas interiores e curas espirituais.
Ocorrem libertações.
Há grande crescimento espiritual por nossa maior intimidade com o Senhor.
Todo nosso ser repousa no Espírito Santo e é iluminado por sua luz e transformado pelo fogo do seu amor.
Por Luciano do Amaral
Orai e vigiai ( Lucas 3-15,16 = Jo 3-5 = Jo 7-37,38 = Jo 14-23,25)
O Papel dos Leigos na Igreja Católica
O Papel dos Leigos na Igreja Católica: a
Exortação Apostólica ‘Christifideles
Laici’ de 1987
Exortação Apostólica ‘Christifideles
Laici’ de 1987
(notas de conferência proferida em São Paulo, em 30-11-03,
para universitários do Projeto Universidades Renovadas-RCC).
para universitários do Projeto Universidades Renovadas-RCC).
Pe. João Sérgio Cury Lauand
Passados 20 anos do Vaticano II, o Romano Pontífice quis voltar-se para um tema que teve destaque no Concílio e dedicou o Sínodo dos Bispos de 1987 ao estudo de aspectos relativos aos fiéis leigos. O documento pós-sinodal, a exortação Christifideles Laici, apresenta temas dignos de estudo.
Dessa forma vai-se preenchendo uma lacuna de séculos na definição das atribuições dos leigos. Durante muito tempo, pouco ou nada se falou sobre isso. A título de exemplo, em seu conhecido livro sobre a História da Igreja, comentando os resultados do Concílio de Trento, Daniel-Rops afirma: "É de admirar que, entre tantas sessões, não tenha havido uma que traçasse o retrato do verdadeiro cristão leigo...como se tinham traçado os do bispo e do sacerdote".
Logo no início, a Exortação que estamos considerando, afirma: "Ao longo dos seus trabalhos, o Sínodo fez constante referência ao Concílio Vaticano II, cuja doutrina sobre o laicato, à distância de vinte anos, se revelou de surpreendente atualidade e, por vezes, de alcance profético: essa doutrina é capaz de iluminar e de guiar as respostas que hoje devem dar-se aos novos problemas". (n.2).
O Sínodo deu muitas graças pela atuação do Espírito Santo e por tantas iniciativas surgidas nesse período, que vão renovando a Igreja. Recordou por outro lado dois perigos: por um lado a tentação de que os leigos mostrem um interesse exclusivo pelos serviços e tarefas eclesiais, de forma a chegarem freqüentemente a uma abdicação prática das suas responsabilidades específicas no mundo profissional, social, econômico, cultural e político; e a tentação de legitimar a indevida separação entre fé e vida, entre a aceitação do Evangelho e a ação concreta nas mais variadas realidades temporais e terrenas. Voltaremos a isto mais adiante.
O trabalho do Sínodo, em palavras do Papa, esteve voltado a indicar caminhos para que a ‘teoria’sobre o laicato se converta em praxe na Igreja. O documento indica algumas questões de particular relevância: "Entre esses problemas contam-se os que se referem aos ministérios e aos serviços eclesiais confiados ou que deverão confiar-se aos fiéis leigos, a difusão e o crescimento de novos «movimentos» ao lado de outras formas associativas de leigos, o lugar e a função da mulher tanto na Igreja como na sociedade".
Ao final do Sínodo os participantes pediram ao Papa um documento conclusivo sobre os fieis leigos, que foi a origem da Exortação.
Vocação e missão dos leigos
Logo a seguir à introdução o Papa começa a falar com grande força da vocação e missão dos fiéis leigos: "Que escutem o chamamento de Cristo para trabalharem na Sua vinha". O Romano Pontífice faz uma leitura da parábola descrita em Mateus 20, a dos trabalhadores na vinha. Fala da voz de Deus e recorda que essa voz ressoa na alma de cada um e nos acontecimentos, e que neste momento histórico –em todos - pede uma resposta generosa. Pede a coragem de encarar este nosso mundo, que agora está –em palavras do documento - , em certo sentido, pior que nos anos do Concílio.
Vê-se portanto um apelo em sentido inverso ao que gerou a vocação religiosa. Este último, que continua válido, foi no sentido de que os religiosos adotassem o contemptus mundi, o abandono das preocupações do mundo, característico da sua vocação. Trata-se portanto de duas atitudes perfeitamente válidas – entrar de cheio no mundo ou afastar-se dele - , cabendo a cada um saber a que Deus lhe pede pessoalmente. Dessa forma fica respondida a pergunta sobre o local onde o leigo deve ser sal da terra e luz do mundo: no lugar que ocupa no mundo. Dentro do capítulo sobre a vocação e missão o Papa usa imagem muito bonita: são trabalhadores da vinha, mas são também a própria vinha.
Quanto à vocação individual –questão que cedo ou tarde todos se colocam - há um número próprio (58), recomendando a escuta pronta e dócil da Palavra de Deus e da Igreja, a oração filial e constante, a referência a uma sábia e amorosa direção espiritual, a leitura feita na fé dos dons e dos talentos recebidos, bem como das diversas situações sociais e históricas em que nos encontramos.
Quem são os leigos?
A quem se dirige o texto? O Papa diz que vai tentar uma formulação positiva. Implicitamente se reconhece que as anteriores eram algo negativas, quase como os ‘coitados’ que não são padres nem freiras. Recorda-se não somente que pertencem à Igreja mas que são a Igreja, vides radicadas em Cristo, e outras imagens. Mas é sobretudo nos efeitos do batismo que se deve encontrar sua essência: "só descobrindo a misteriosa riqueza que Deus dá ao cristão no santo Batismo é possível delinear a ‘figura’ do fiel leigo". Nesta altura o documento refere-se a toda a força do batismo, com suas conseqüências: passar a ser filhos no Filho, formar um só corpo com Cristo e ser Templos vivos e santos do Espírito.
Os fiéis participam –ainda que de forma diferente que a dos presbíteros - do sacerdócio de Cristo. Os leigos possuem – não perdem! - a secularidade. Um fiel leigo tem características, modos de vida, etc., diferentes dos que têm os religiosos. É diferente seu modo de viver as virtudes. Sempre foi uma grande tentação, e um grande erro, identificar esses modos, de maneira a propor aos leigos as mesmas formas de viver as virtudes que se apresentam para os religiosos. Não pode ter as mesmas características a pobreza de um franciscano e a de um pai de família.
Panorama histórico
Este tema já foi abordado em muitos lugares e seria extenso tratar dele agora. Baste dizer que logo a seguir aos primeiros cristãos foi aparecendo na Igreja o chamado à vida religiosa, a princípio de forma espontânea, condensada depois nas diferentes regras (constituições) aprovadas pela Santa Sé.
Foi tomando diversas formas de acordo com a inspiração de Deus e as necessidades dos tempos. Em séculos sucessivos – em processo que não terminou - foram aparecendo, no Ocidente, os beneditinos, os frades mendicantes, os jesuítas, os clérigos regulares e tantos outros, sempre com a característica do afastamento do mundo, maior ou menor. Não houve um desenvolvimento paralelo de fórmulas para os leigos, até recentemente, com o Vaticano II e seus precursores.
Necessidade da vida interior
Na Exortação o Papa reitera a afirmação evangélica, tantas vezes esquecida na prática, de que todo apostolado fecundo deve apoiar-se na vida interior dos que pretendem efetuá-lo. O ramo não produz fruto se não estiver unido à videira, a Cristo. Todos os cristãos são chamados à santidade, à perfeição, a serem semelhantes ao Pai.
"Sobre a universal vocação à santidade, o Concílio Vaticano II teve palavras sobremaneira luminosas. Pode dizer-se que foi precisamente esta a primeira incumbência confiada a todos os filhos e filhas da Igreja por um Concílio que se quis para a renovação evangélica da vida cristã. Tal incumbência não é uma simples exortação moral, mas uma exigência do mistério da Igreja, que não se pode suprimir: a Igreja é a Vinha escolhida, por meio da qual as vides vivem e crescem com a mesma linfa santa e santificadora de Cristo; é o Corpo místico, cujos membros participam da mesma vida de santidade da Cabeça que é Cristo... Hoje como nunca, urge que todos os cristãos retomem o caminho da renovação evangélica, acolhendo com generosidade o convite apostólico de «ser santos em todas as ações». O Sínodo extraordinário de 1985, a vinte anos do encerramento do Concílio, insistiu com oportunidade sobre essa urgência: «Sendo a Igreja em Cristo um mistério, ela deve ser vista como sinal e instrumento de santidade... Os santos e santas foram sempre fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis em toda a história da Igreja. Hoje temos muitíssima falta de santos, que devemos pedir com assiduidade». Todos na Igreja, precisamente porque são seus membros, recebem e, por conseguinte, partilham a comum vocação à santidade. A título pleno, sem diferença alguma dos outros membros da Igreja, a essa vocação são chamados os fiéis leigos: «Todos os fiéis, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade»; «Todos os fiéis são convidados e têm por obrigação tender à santidade e à perfeição do próprio estado». A vocação à santidade mergulha as suas raízes no Batismo e volta a ser proposta pelos vários sacramentos, sobretudo pelo da Eucaristia: revestidos de Jesus Cristo e impregnados do Seu Espírito, os cristãos são «santos» e, por isso, são habilitados e empenhados em manifestar a santidade do seu ser na santidade de todo o seu operar. O apóstolo Paulo não se cansa de advertir todos os cristãos para que vivam «como convém a santos» (Ef 5, 3).A vida segundo o Espírito, cujo fruto é a santificação (Rom 6, 22; cf. Gal 5, 22), suscita e exige de todos e de cada um dos batizados o seguimento e imitação de Jesus Cristo, no acolhimento das Suas Bem-aventuranças, na escuta e meditação da Palavra de Deus, na consciente e ativa participação na vida litúrgica e sacramental da Igreja, na oração individual, familiar e comunitária, na fome e sede de justiça, na prática do mandamento do amor em todas as circunstancias da vida e no serviço aos irmãos, sobretudo os pequeninos, os pobres e os doentes."
Como se vê pelo longo texto que reproduzimos, o fundamento da exigência de perfeição é o próprio batismo, afetando portanto todos os que receberam esse sacramento.
Já foi dito que um dos motivos para João Paulo II promover tantas beatificações e canonizações é mostrar que a santidade é algo atual, possível, acessível.
Ação de Deus e do homem
Aqui se coloca uma questão prática interessante. Até que ponto devo atuar, ou abandonar a iniciativa nas mãos de Deus. É o tema da graça. A graça move os corações, mas, ordinariamente, alguém precisa falar. "Quem enviarei?" pergunta Nosso Senhor pela boca do profeta pensando na transmissão da sua doutrina.
Trata-se de tema muito comentado, mas nem sempre as soluções encontradas na realidade prática de cada um estão de acordo com a reta teologia. Sabe-se que mais de uma vez os Papas intervieram impondo silêncio aos dois lados, quando os ânimos ficavam exaltados. Sobre uma dessas ocasiões, comenta Daniel-Rops: "Vinte anos de discussões não serão suficientes para esgotar os argumentos dos dois campos nem para terminar num acordo".
Um resumo rápido da solução poderia ser que cada um de nós procure fazer o que lhe corresponde –de verdade - e deixar para o Senhor aquilo a que não temos acesso. Remeto aqui a uma sugestiva observação do prof. Jean Lauand - falando precisamente a universitários católicos carismáticos num ENUCC - sobre a voz média.
As línguas antigas dispunham de uma fantástica terceira voz: a voz média. Emprega-se a voz média para ações que não se enquadram propriamente na voz ativa nem na voz passiva. Quer dizer que há ações que não são ativas nem passivas? É, é isto mesmo! O verbo nascer por exemplo não é ativo nem passivo: eu nasço ou sou nascido? Sim, certamente sou eu que nasço, mas não exerço ativamente esta ação; por isso o inglês fala do nascer na passiva: I was born in 1952...O príncipe Paulinho da Viola trabalha muito com esse conceito de voz média; por exemplo, de sua canção "Timoneiro" é o maravilhoso verso:"Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar..."
"Não sou eu que me navega, quem me navega é o mar". Seria tentar a Deus pedir-lhe que resolva problemas que eu posso solucionar: iluminar-me para que eu não necessite estudar, limitar-nos a rezar para que se solucionem os problemas de econômicos e sociais do país, etc.
Lembro-me, a propósito, de duas histórias que ouvi. Uma é a do homem que cuidava sacrificadamente de seu jardim quando passou uma senhora e candidamente comentou: "Que belo jardim! Que coisas bonitas Deus faz!". Nosso amigo olhou bem para ela, enxugou o suor e disse: "A senhora precisava ver como era isto quando Ele cuidava sozinho!".
A segunda é a do sacerdote que preparava só metade do seu sermão dominical e dizia que deixava a outra metade para o Espírito Santo. Certo domingo, quis conferir com o sacristão, como tinha saído sua prática. Este lhe disse: "Padre, a sua parte como sempre muito boa; a do Espírito Santo desta vez não foi aquelas coisas...!".
Parece que a conclusão é clara. Como já se disse, sem transpiração não há muita inspiração. Para tirar boas notas é preciso estudar; para contratar um funcionário, mais do que consultar a Bíblia (excelente coisa para outros propósitos) será preferível comprovar seu currículo, fazer uma entrevista, etc.
Interesse exclusivo pelas tarefas eclesiais
Esse seria o primeiro erro, a que já nos referimos acima. Com freqüência ressurge a tentação de abandonar a procura de respostas para as dificuldades do dia a dia, ou a de encontrar soluções ‘católicas’ para os problemas.
O Concílio Vaticano II definiu bem a autonomia das realidades terrenas: "Muitos dos nossos contemporâneos parecem temer que a íntima ligação entre a atividade humana e a religião constitua um obstáculo para a autonomia dos homens, das sociedades e das ciências. Se por autonomia das realidades terrenas se entende que as coisas criadas e as próprias sociedades têm leis e valores próprios que o homem irá gradualmente descobrindo, utilizando e organizando, é perfeitamente legítima essa autonomia...e corresponde à vontade do Criador....Mas se com esse nome se entende que as coisas não dependem de Deus e que o homem pode dispor de tudo sem referência ao Criador, então todos os que acreditam em Deus compreendem como são falsas tais afirmações".
É na seqüência desse texto da Gaudium et Spes que se situa uma sentença muito citada e que cada vez mais se revela profundamente sábia: "a criatura sem o seu Criador desaparece, não tem razão de ser". É, portanto, mais um convite a não abandonar o mundo, a trabalhar com todos na procura de soluções justas para os problemas. Deve ter sido em parte em relação a isso que Cristo avisou que os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz. Um cristão está no mundo como em seu lugar próprio. Aí deve aprender a conviver com todos, a sofrer as dores de todos, a perseguir a resposta aos problemas que afetam seus semelhantes.
Separação entre fé e vida
Um cristão, como aliás toda pessoa, é chamado a manter a coerência entre aquilo em que acredita e sua vida. Não é possível separar nem em sua cabeça, nem em sua atuação as idéias da vida. O contrário seria vida dupla, hipocrisia, incoerência.
Ouvi contar, há tempos, uma história que se não é verdadeira, bem que poderia ser. Certo político, conhecido como católico, votou a favor de determinado tema contrariamente à doutrina da Igreja. Ao ser criticado por um bispo, protestou dizendo que votara como político e não como católico. O bispo lhe respondeu: "Pode ficar tranqüilo, eu não o critiquei como político e sim como católico!".
Não se pode distinguir onde acaba o político e onde começa o católico, e isso vale para todas as ocupações e para todas as ocasiões. A fé e as convicções não são peças de vestuário, acessórios, que se possam utilizar ou não.
Estas foram algumas breves considerações sobre papel dos leigos na Igreja Católica de acordo com a Exortação Apostólica ‘Christifideles Laici’, um documento rico, claro, necessário.
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